Semáforas
Introdução
Desde o início de sua história o homem sempre buscou se comunicar e transmitir suas mensagens de maneira confiável e rápida. Os estafetas e mensageiros, à pé ou à cavalo, foram durante muito tempo a única forma disponível de comunicação à distância, embora lentos e sujeitos a “acidentes de percurso”…
Um engenheiro francês chamado Claude Chappe, que viveu nos fins do século XVIII, inventou um sistema ao qual chamou de telegrafia (que quer dizer “escrita à distância”) ou taquigrafia (que quer dizer “escrita rápida”).
O sistema consistia em transmitir sinais ópticos entre torres construídas especialmente para esse fim ou entre alguns pontos altos (campanários, por exemplo) com a ajuda de um aparelho que possuía três braços mecânicos.
A distância entre os transmissores era da ordem de 10 a 20km e em cada um deles ficava uma equipe composta de um observador, com uma luneta, um secretário que ditava as mensagens e um maquinista que montava as figuras com os braços mecânicos. Esse aparelho permitia atingir um grau de velocidade e confiabilidade até então inigualáveis.
Assim, a semáfora é um “telégrafo – taquígrafo em miniatura e portátil”.
A semáfora é, na verdade, um sistema óptico de sinalização baseado nas diversas posições que duas bandeirolas coloridas podem assumir quando empunhadas pelo transmissor. Na terminologia semafórica, cada caractere (que pode ser uma letra, um numeral ou um sinal de serviço) é representado por uma posição diferente das bandeirolas, formando, assim, um alfabeto próprio.
A semáfora é a técnica de transmissão mais barata que podemos praticar em nossas atividades. Com muito pouco dinheiro compra-se todo o material necessário para a confecção das bandeirolas. Ao contrário das torres de rádio, não há necessidade de manutenção nem de preocupação com a vida útil do equipamento e as restrições regulamentares e legislação são inexistentes! O único inconveniente da utilização da semáfora está no fato que ela é impraticável à noite!
As Bandeirolas
O único material necessário para a prática da semáfora consiste de um par de bandeirolas para cada posto de transmissão. E essas podem ser facilmente confeccionadas por sua patrulha. Vejamos:
As bandeirolas são tradicionalmente quadradas, divididas diagonalmente em dois triângulos coloridos. As cores devem sempre contrastar com a cor predominante da natureza atrás do posto transmissor. Por isso é que a combinação de cores preferidas são vermelho e branco, vermelho e amarelo, e preto e amarelo. Tradicionalmente a cor mais escura (vermelho ou preto) fica junto ao cabo.
O tamanho das bandeirolas deve permitir que elas sejam visíveis de longe (entre 300 e 500m pelo menos) contanto que não sejam grandes demais que cheguem a atrapalhar. Uma bandeirola de 50cm de lado é considerada de bom tamanho.
As bandeirolas são normalmente feitas de pano e enroladas no cabo para transporte. Acontece que em situações de pouco vento as bandeirolas não são bem visíveis. Assim, costuma-se fazer também “bandeirolas duras”: basta utilizar uma vareta na transversal do cabo, como na figura.
Técnica
Para praticar a semáfora, é preciso constituir equipes de transmissão (ou “postos de transmissão”), compostas de 2 ou 3 pessoas
O “transmissor“, responsável pela codificação dos sinais. É quem maneja as bandeirolas.
O “receptor“, que decodifica a mensagem sendo recebida de outra equipe de transmissão. Deve ter sempre um binóculo à mão!
O “gravador” ou “secretário”, responsável pelo registro das mensagens recebidas e das transmitidas também.
O transmissor e o receptor podem ser a mesma pessoa. O papel do gravador durante a transmissão deve ser o de ler, letra por letra, o conteúdo da mensagem. Assim o transmissor não deve se preocupar em memorizar o texto — apenas transmitir cada letra.
Antes de começar a transmissão os postos devem estabelecer suas posições de tal forma a serem facilmente vistos um pelo outro. Não esqueça que o fundo é muito importante para uma boa visualização. Escolha sempre um posicionamento que faça o maior contraste possível. Para facilitar, comece chamando a atenção, fazendo o sinal abaixo:
Uma vez identificados os postos, é comum (e às vezes necessário) fazer-se um “ajuste fino” das estações de transmissão. Para isso, utiliza-se, naturalmente, as bandeirolas para transmitir sinais de serviço. Veja alguns deles:
Aprendizagem
A única maneira de se aprender bem a semáfora é visualizar, visualizar e visualizar! Duas palavras podem resumir a técnica de aprendizagem: memorização e treinamento.
Fora isso, você pode escolher algumas técnicas alternativas de memorização:
Comece aprendendo ciclo por ciclo (A-G, H-N, O-S, etc), ou
Aprenda os sinais opostos (A e G, I e X, N e U, etc), ou
Memorize as letras mais freqüentes primeiro (E, T, A, O, I, N, S, R, L, D…) e forme o máximo de palavras a cada nova letra
Mas nunca use um espelho para aprender! Você vai memorizar tudo ao contrário. A semáfora tem a característica de se ter de aprender a transmitir e também a receber! São dois alfabetos diferentes. Aquele que você transmite é o oposto daquele que você recebe — mas o espelho mostra o inverso! A melhor forma de praticar é com um amigo.
Eis o alfabeto semafórico (e os numerais):
ESQUEMA PARA TREINAMENTO E MEMORIZAÇÃO